terça-feira, 22 de junho de 2010

Emoções da Futura Mãe


De modo geral não se pode dizer que as depressões previamente presentes piorem a gravidez, obrigatoriamente, pois se observa exatamente o contrário na prática clínica, algumas mulheres apresentam uma melhora da sintomatologia depressiva quando se encontram grávidas. Também não é possível tentar estabelecer alguma regra geral, segundo a qual a gravidez de adolescentes predispõe ao estado depressivo. E a base destas alterações do humor para melhor, quando ocorrem, parece estar relacionada à alguma alteração hormonal. Sendo a progesterona é a hormônio dominante da gravidez, pode ser possível que exista algum benefício se estas mulheres, que melhoram da depressão durante a gravidez, continuem a tomar progesterona, fora da gravidez.

Se existe algum período da gravidez onde possa ser observada uma melhor performance emocional, essa época é entre a 17a. e 20a. semanas de gestação. Isso parece estar relacionado à produção hormonal pela placenta. Nessa fase da gravidez, o sistema endócrino da mulher trabalha ativamente para promover o crescimento uterino e do bebê. No entanto, passado algum tempo, a placenta torna-se a principal responsável pela produção hormonal. Este fato explica, em parte e como vimos acima, as sensações de melhora física, pois, a produção placentária não tem tantos efeitos secundários quanto a produção endócrina.

Mesmo assim, as reações emotivas da grávida tornam-se mais intensas e muitas delas ficam surpreendidas com sua labilidade emocional, onde até um simples anúncio televisivo pode fazê-las chorar. Além desses determinantes biológicos e hormonais, a grávida adolescente teria ainda razões de ordem existencial para alimentar a extrema labilidade afetiva.

Normalmente, as pessoas costumam não acreditar serem suficientemente boas, suficientemente organizadas, suficientemente ricas ou suficientemente suportadas. As inseguranças, nessas questões de auto-estima, são normais e fisiológicas. Da mesma forma, muitas mulheres não acreditam que serão capazes de ser boas mães. Em algumas adolescente grávida, o infantilismo fisiológico próprio da faixa etária e prontamente substituído por esse complexo de mãe incompetente.

O trabalho de parto é receado por muitas adolescentes, sobretudo porque é amplamente desconhecido. A melhor forma de ultrapassar o medo é falar abertamente sobre o assunto. A partilha de idéias com outras mulheres que sentem o mesmo pode ser uma ajuda preciosa.

Durante a gravidez, a mulher pode sentir dificuldades na concentração ou na articulação de vocábulos simples. O esquecimento passa também a ser freqüente. Estes fenômenos podem ser alarmantes, sobretudo para as mulheres que não estão prevenidas. No entanto, todas estas alterações regridem com o parto.

Geralmente a adolescente grávida passa a ser rodeada de conselhos, críticas, sugestões e advertências. Todos parecem ter algo a dizer; alguns amigos querem contribuir para o crescimento do filho, professores e parentes procedem com críticas amargas e dissimuladas, familiares mais próximos com veementes censuras... e assim por diante.

Embora possa ser agradável receber alguma atenção, muitas vezes pode ser perturbador. A emotividade subjacente a este período, torna a mulher hipersensível a algumas sugestões, nomeadamente, no que se refere à sua própria saúde ou à do seu bebê. Esta é uma boa altura para ignorara conselhos inúteis e para aumentar o próprio discernimento quanto às opiniões de interesse.

Mas não é raro que a grávida adolescente experimente algumas sensações de ser especial e isso pode aliviar a eventual depressão pela qual esteja passando. Quando a gravidez se torna óbvia e irreversível, a mulher passa a ter um estatuto que lhe confere alguns privilégios; caixas dos supermercados prioritárias para grávidas ou de lugares reservados nos transportes públicos, etc.

De acordo com a pesquisa Raquel Foresti, os depoimentos mostram que as adolescentes que engravidam apresentam um ponto em comum: a fragilidade no processo de formação de sua identidade. Algumas delas não conseguiram criar vínculos com o mundo do trabalho e tiveram vários empregos em um curto período de tempo. Outras não enxergam perspectivas nos estudos.

Muitas vezes elas demonstram um comportamento mais infantil do que o esperado para sua idade e não aceitam as responsabilidades. Por isso, sentem que não encontram seu espaço no mundo, analisa a psicóloga.

Para essas meninas, a gravidez tem uma dupla função. “Além de servir como justificativa para a inadequação, a barriga traz um certo poder e até status dentro da família. Preenche o vazio que elas sentem por causa da crise de identidade”, afirma Raquel.



http://gballone.sites.uol.com.br/infantil/adolesc3b.html




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